quinta-feira, 19 de março de 2009

Está caladinho... - parte 2

Morador "aliciado" a faltar a reunião

Publicado por Jornal de Notícias a 18 de Março de 2009

CARLA SOFIA LUZ

Um morador no Bairro do Cerco, no Porto, Vicente Alves, denunciou, esta terça-feira, na reunião do Executivo, ter sido contactado por um funcionário municipal que lhe disse que, se não fosse à sessão, o problema da sua casa seria resolvido rapidamente.

Há mais de dois anos que o inquilino se queixa de graves infiltrações de água na habitação onde mora desde 2004. Tardando soluções, Vicente Alves decidiu apresentar a reclamação perante a vereação e inscreveu-se para participar na reunião pública de ontem. Foi no momento de expor o problema que denunciou um eventual aliciamento por um funcionário municipal.

"Não gosto de mentir. Um engenheiro disse-me, por telefone, que, se anulasse a vinda à reunião, o meu problema era resolvido em duas semanas no máximo. Se fosse à reunião, os trâmites seriam mais demorados", repetiu Vicente Alves, questionado pela vereadora da Habitação, Matilde Alves, sobre a veracidade da sua afirmação. O morador até levou uma boa resposta para casa: poderá optar pela transferência para outra habitação ou pela construção de paredes duplas na actual casa.

O PS pede uma investigação. "É muito grave. O facto dos serviços terem dito que, se não viesse cá o problema ficaria resolvido em quinze dias, tem de ser investigado", apelou a socialista Ana Maria Pereira, numa sessão em que o plano de regularização sem juros das rendas em atraso nas casas sociais foi aprovado e que culminou com as críticas de Rui Sá (CDU) aos argumentos camarários nos despejos de famílias.

Depois de ouvir três ex-moradores no Bairro de S. João de Deus a contestarem os desalojamentos, o comunista pegou no exemplo de Rogélia Cabreira para contestar a actuação camarária. "Agora, também temos despejos por sinais exteriores de riqueza", indica. O despejo de Rogélia Cabreira baseia-se no facto de ter em seu nome um Mercedes com valor comercial entre 25 e 35 mil euros."A Câmara tem um imenso poder nesta matéria. Gostaria de saber quantos despejos acabaram no Tribunal e quantas acções foram perdidas. Saiu recentemente uma sentença do Tribunal Administrativo do Porto que condena a Autarquia a realojar uma família despejada no Bairro de S. João de Deus", acrescentou. Segundo o acórdão, o Município, que despejou a família de Armando Cardoso em 2004, tem de realojá-lo numa habitação semelhante.

Matilde Alves afirmou que a Autarquia recorrerá da decisão, lembrando que, dos 150 despejos feitos no bairro, cerca de 90 foram contestados em sede judicial. "Até hoje, não perdemos um processo. Não me pesa nunca a consciência do que o que fazemos no dia-a-dia não seja de uma profunda justiça social", rematou a vereadora, assinalando a confiança total nos serviços municipais.

1 comentário:

buga daz coubz disse...

é espantosa a persuasão mentirosa destas mafias especuladoras...

que nodja...
por falar nisso... as tantas venho-te ca meter mais uma sequela para a parte III do ta caladinho ou levas no focinho...